quarta-feira, 27 de julho de 2011

Oração de São Francisco

Quando eu era criança costumava passar as férias na casa da minha avó em Itabi. Lembro que na parede da sala havia um quadro com a imagem de São Francisco e a sua famosa oração, que pra mim não era tão famosa naqueles dias. Anos mais tarde, eu conheci um pouco mais sobre aquele meu irmão chamado Francisco, que tinha um único anseio em seu coração:


Senhor, fazei-me instrumento de vossa paz.

Onde houver ódio, que eu leve o amor;

Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;

Onde houver discórdia, que eu leve a união;

Onde houver dúvida, que eu leve a fé;

Onde houver erro, que eu leve a verdade;

Onde houver desespero, que eu leve a esperança;

Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;

Onde houver trevas, que eu leve a luz.

Ó Mestre, Fazei que eu procure mais

Consolar, que ser consolado;

Compreender, que ser compreendido;

Amar, que ser amado.

Pois, é dando que se recebe,

É perdoando que se é perdoado,

E é morrendo que se vive para a vida eterna.

Hoje tenho tentado viver aquela oração e vejo o quanto é difícil

Emerson Profírio

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Qual é o seu estilo de adoração?


Gary Thomaz, autor do livro Caminhos Sagrados, notou que muitos cristãos não estavam crescendo na vida de adoração. Ou seja, percebeu a dificuldade de muitos cristãos experimentarem uma verdadeira e autêntica celebração. Ele disse: “Se Deus propositadamente nos fez a todos diferentes, por que deveríamos todos amar a Deus da mesma forma?” Gary descobriu que existem pelo menos 9 maneiras diferentes pelas quais as pessoas se aproximam de Deus:


1.
Existem os naturalistas, que são mais motivados a amar a Deus ao ar livre, em ambientes naturais.

2. Os sensitivos, que amam a Deus com os seus sentidos a apreciam a belos cultos de adoração que envolva o aspecto visual, paladar, aroma e toque, não apenas a sua audição.

3. Os tradicionalistas, que se aproximam de Deus por meio de rituais, liturgias, símbolos e estruturas rígidas.

4. Os ascetas, que preferem amar a Deus em solidão e simplicidade.

5. Os ativistas, que amam a Deus pelo confronto com o mal, combatendo a injustiça e trabalhando para tornar o mundo um lugar melhor.

6. Os caridosos, que amam a Deus amando os outros e suprindo suas necessidades.

7. Os entusiastas, que amam a Deus com festas.

8. Os contemplativos, que amam a Deus por meio da adoração.

9. E os intelectuais, que amam a Deus ao estudá-lo com a mente (razão).

“O melhor estilo de adoração é aquele que mais genuinamente representa o seu amor por Deus, baseado na formação e na personalidade que ele lhe deu”.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

... Não Temos Um Papa!!!


Eu estava participando da semana de iniciação científica na faculdade, fazendo um curso de antropologia da religião com o sugestivo título: Protestantismo Histórico e Pentecostalismo, as duas faces da mesma moeda. Após ouvir sobre as origens e características destes dois movimentos e perceber que os seus membros, que se dizem irmãos, ocupam posições diametralmente opostas, uma dúvida veio à minha mente: Por que não há unidade entre os evangélicos? Transformei a minha dúvida em pergunta e o professor, sem pensar duas vezes, respondeu: Porque não temos um Papa!


As palavras do professor só aprofundaram ainda mais a minha dúvida. A partir daquele momento apliquei um olhar mais crítico a esta questão. Observando a Igreja Católica Romana percebi que eles também possuem vários ramos dentro do seu corpo eclesiástico, assim como nós, eles têm os seus ortodoxos, fundamentalistas, liberais, esquerdistas, carismáticos e nominais. No entanto, diferente de nós, eles conseguem manter a unidade, o respeito e a irmandade apesar da diversidade. E qual o segredo deste feito exemplar? Eles têm um Papa! É interessante como a figura de um homem tem o poder de estabelecer a unidade.

Recentemente ouvi um bispo católico, que era entrevistado sobre as novas comunidades e a renovação carismática dentro da Igreja Católica Romana, afirmar que “as novas comunidades e a renovação carismática são a resposta que Espírito Santo leva a igreja a dar a um novo tempo”. Somente as palavras já seriam dignas de aplausos, mas além delas, aquele ancião demonstrava um amor pelos seus irmãos e um tremendo respeito pela igreja que me deixaram envergonhados. Era possível perceber que o amor e o respeito eram princípios que estavam acima das diferenças e dos gostos pessoais.

Em qual comportamento é possível se enxergar Jesus? Naquele que demonstra amor e respeito ao próximo e que entende que a unidade da “Noiva de Cristo” é mais importante do que aquilo que eu penso, ou naquele que diz que ama a “Noiva de Cristo”, mas vive como se a noiva se resumisse a um compêndio teológico-doutrinário pelo qual se deve brigar e, se preciso for, expulsar os que pensam diferentes?

Jesus iniciou a sua igreja juntando doze homens com histórias pessoais extremamente distintas. Havia, naquele pequeno grupo, tradicionais, progressistas, esquerdistas, renovados e até nominais. Acredito que não deve ter sido fácil o convívio inicial, mas quem disse que viver em sociedade é fácil? Aqueles homens aprenderam que os dons só existem porque as pessoas são diferentes, agem e pensam de formas distintas umas das outras, por isso é que um é chamado a completar o outro. Aprenderam, também, que amar o igual é humano, mas amar o diferente é divino. Os discípulos descobriram que a unidade da igreja só existe quando a vontade de Deus está acima da própria vontade, afinal de contas foi o próprio Jesus que disse: “Que não seja feito o que eu quero, mas o que tu queres”.

Os anos passaram e o exemplo foi perdido. Hoje, os “legítimos” representantes de Cristo não sabem mais conviver num mesmo grupo com pessoas diferentes. Temos alguém que é superior a todos os Papas, que é o único e verdadeiro mediador entre Deus e o homem, mas me parece que isto não é mais suficiente. Os nossos gostos pessoais e as nossas expressões externas de fé são mais importantes do que a ordem de convivermos entre os diferentes. Aquilo que não é essencial tomou o lugar do essencial. O tradicional se acha mais bíblico que o pentecostal, este, por sua vez, se julga mais espiritual que aquele. Esquecem que ambos deveriam promover a comunhão entre o conhecimento bíblico e o fervor pentecostal.

Será que precisamos de um Papa para vermos o exemplo de Cristo na terra? Deus tenha compaixão de nós, que um dia haveremos de prestar contas pelo que fizemos com a sua “Amada Noiva”.

Emerson Profírio

terça-feira, 5 de julho de 2011

Deus é Humor


Boas notícias sempre nos trazem boas sensações. Ninguém com sanidade mental recebe um presente muito especial e fica de cara emburrada. Diante da boa notícia os olhos brilham, o coração acelera e a boca escancara um riso que vai de orelha a orelha. Naquela hora os problemas são esquecidos e, ainda que permaneçam, eles não mais perturbam. Uma boa notícia tem o poder de transformar o humor e de converter choro em riso. Como é gostoso conviver com alguém que tem sempre uma visão bem humorada da vida. Parece que ela nunca perde a esperança e consegue sempre tirar bons momentos de cada situação, até mesmo das mais difíceis.

Eu tenho a graça de ter nascido num lar cristão. A minha família paterna é evangélica e a materna é católica. Sempre os vi envolvidos com as suas igrejas, servindo da maneira que os seus pais lhes ensinaram. Acreditar em Deus não foi difícil, compreender que há um Deus, muito menos. O vocabulário cristão foi aquele com o qual eu aprendi a falar, ler e pensar. O mais especial é que a minha experiência cristã foi desde cedo muito leve. As coisas de Deus nunca foram pesadas para mim e para os meus irmãos. Deus nunca foi para nós um velho mal humorado, com um chicote na mão e pronto para nos punir. Lá em casa, ser crente nunca foi sinônimo de sisudez, nunca combinou com mal humor e intolerância.

Minha avó materna era uma santa mulher, católica, piedosa, amorosa e graciosa. Não tinha jeito de olhar para ela e não ver a alegria de Cristo. O meu avô paterno era evangélico, um homem extremamente bem humorado. A ele nunca faltavam boas piadas e boas risadas (Acho que sei de quem herdei...), era fácil ver Jesus na sua vida. Meus irmãos e eu crescemos vendo pais crentes muito felizes, que nunca perdiam a alegria e a esperança na vida. Ser crente nunca foi para mim um entrave que impedisse a minha criatividade e o meu bom humor de fluírem, e isto até hoje tem aberto muitas portas.

Infelizmente, a expressão bem humorada do evangelho vivida lá em casa e em muitos lares cristãos, não foi o que se propagou do evangelho do Senhor Jesus. No nosso país, evangelho, que significa “boas notícias”, não andou de mãos dadas com o bom humor. Ser bem humorado tornou-se sinônimo de irreverência. Alegria, leveza, sorrisos, gargalhadas e tudo que combine com bom humor foi quase demonizado no nosso meio. Alguém bem humorado não é considerado espiritual ou sério. Este equívoco acabou mostrando às pessoas um evangelho pesado, proibitivo e mal humorado, um evangelho “sem graça”. Deixaram de ensinar que reverência está mais relacionada à postura do coração do que à fisionomia, que um crente em Cristo pode ser uma pessoa séria mesmo quando dá boas gargalhadas.

O Deus que será apresentado às pessoas tem a cara de quem o apresenta. Quem não consegue ver graça na vida produzirá uma imagem mal humorada de Deus. Quem não sorri na vida apresentará um Deus chato ao lado de quem não há prazer e deleite, mas só peso e medo. Contudo, quando vivemos o evangelho com bom humor, apresentamos um Deus que sabe dar boas risadas, um Deus que se alegra com os que se alegram, um Deus “engraçado” (cheio de graça). A alegria do Senhor é força para aqueles que o buscam. O bom humor é uma das facetas do fruto do Espírito de Deus nos homens. Deus é amor, mas bem que poderíamos dizer que Deus é humor.

Emerson Profírio