
A liberdade é um bem supremo e um conceito universal. Em todos os cantos, nos rincões mais distantes, entre os povos longínquos, a liberdade é um objeto de desejo. Há alguns anos o nosso país passou por uma longa ditadura, a qual privou o cidadão da liberdade. Isto fez com que uma geração se levantasse e lutasse dando a própria vida para reconquistar esta liberdade. Não poder se expressar e ver as suas atitudes e palavras censuradas, fez alguém dizer recentemente que prefere mil vezes uma imprensa tendenciosa a vê-la censurada.
Nós nascemos para a liberdade. O homem não foi criado para a prisão. Não havia cadeias para o homem nem prisão que cerceasse a sua liberdade. Contudo, um limite foi posto a esta liberdade. Deus estabeleceu este limite a fim de que o homem não se tornasse escravo. Mas, usando a sua liberdade “sem limites”, o homem tornou-se escravo do pecado, de Satanás e de si mesmo. O homem passou a ser cativo do império das trevas. A maior mentira que Satanás já inventou em toda sua existência foi a de que liberdade não combina com limites. Só é verdadeiramente livre aquele que transgride os limites. Nos dias do apóstolo Pedro (2 Pe 2.17-22) esta idéia estava viva. Homens haviam entrado na igreja ensinando que o puro cristianismo não se constituía de limites e regras. O puro cristianismo chamava o homem à liberdade.
Isto era claramente um sofisma, pois eles apresentavam estas afirmações como se elas se opusessem uma a outra. Como se regras e limites anulassem a idéia de liberdade. No entanto, o próprio conceito de liberdade trás a idéia de limites: Liberdade é o Direito de proceder conforme nos pareça, contanto que esse direito não vá contra o direito de outrem. Pedro, então, compara estes falsos mestres aos falsos profetas do Velho Testamento, que falavam de si mesmos segundo os seus próprios interesses para justificar as suas atitudes. Estes falsos mestres, assim como os falsos profetas, confundiam o povo ensinando a libertinagem como se fosse sinônimo de liberdade. Libertinagem é a atitude de quem rejeita regras, de quem não tem disciplina. Libertino é o mesmo que licencioso, ou seja, o que excede os limites do lícito e do conveniente.
Aqueles homens julgavam que um cristianismo com limites era um cristianismo sem prazer. Assim, muitos seguiram os seus ensinos e começaram a se desviar do Caminho do Senhor. Mas, notem bem, eles não se desviaram abandonando a igreja. Pedro diz que eles continuavam nas celebrações enquanto vivam sem limites julgando que estavam fazendo a coisa certa: “Considerando como prazer a sua luxúria carnal em pleno dia, quais nódoas e deformidades, eles se regalam nas suas próprias mistificações, enquanto banqueteiam junto convosco” (v 13). Diante da realidade, Pedro apresenta uma palavra dura, ele diz que seria melhor que estes falsos mestres nunca tivessem conhecido a verdade, pois agora que já conheciam não poderiam alegar desconhecimento. A justiça para eles será ainda mais severa. Pedro encerra as suas palavras com um adágio popular e diz que as pessoas que assim procedem são como: “O cão que voltou ao seu próprio vômito; e como a porca lavada que voltou à lama” (v 22).
A Palavra de Deus é claríssima. É uma palavra constrangedora, mas necessária. É preciso entender que Deus disciplina por amor: “Toda disciplina, com efeito, no momento não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; ao depois, entretanto, produz fruto pacífico aos que têm sido por ela exercitados, fruto de justiça” (Hb 12.11). É preciso reler este texto continuamente até que ele penetre em nossos corações. Algumas verdades nele contidas são uteis para o exercício do auto-exame:
1. A LIBERDADE SEM TEMOR GERA UMA VIDA VAZIA (v. 17a) – Buscar a liberdade sem limites pode até gerar um prazer, mas este prazer será momentâneo. A vida guiada pelos prazeres é uma vida de insatisfação.Liberdade sem temor de Deus, sem limite, produz instabilidade emocional.
2. NÃO SE DEIXE SEDUZIR POR QUEM FALA O QUE VOCÊ QUER OUVIR (v. 18,19) – As melhores palavras nem sempre são as mais agradáveis de serem ouvidas. Infelizmente não faltarão pessoas que se dizem cristãs maduras, mas que trazem conselhos que nada têm a ver com a verdade de Cristo. Palavras que dizem mais sobre os seus gostos do que sobre a Bíblia.
3. CUIDADO PARA NÃO ESTAR ZOMBANDO DE DEUS (v. 17b, 20,21) - Não podemos esquecer que Deus é gracioso, mas que a graça não faz de Deus um bobo. Se o “cristianismo light” gera um prazer momentâneo, as suas conseqüências são certas e duradouras. “Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também ceifará” (gl 6.7). “Aquele servo que conheceu a vontade do seu senhor e não se aprontou, nem fez segundo a sua vontade será punido com muitos açoites” (Lc 12.47).
É preciso viver um cristianismo sério. Um cristianismo de compromisso com Deus e com a sua igreja. O SENHOR estabelece limites para o nosso bem. O próprio Jesus sendo Deus submeteu-se a limites por nós. Portanto, quem somos nós para querermos viver uma liberdade sem regars?! É preciso lembra o que disse Paulo aos gálatas: “Porque vós, irmãos, fostes chamados à liberdade; porém não useis da liberdade para dar ocasião à carne; sede, antes, servos uns dos outros, pelo amor” (Gl 5.13).
Em Cristo
Emerson Profírio