
Boas notícias sempre nos trazem boas sensações. Ninguém com sanidade mental recebe um presente muito especial e fica de cara emburrada. Diante da boa notícia os olhos brilham, o coração acelera e a boca escancara um riso que vai de orelha a orelha. Naquela hora os problemas são esquecidos e, ainda que permaneçam, eles não mais perturbam. Uma boa notícia tem o poder de transformar o humor e de converter choro em riso. Como é gostoso conviver com alguém que tem sempre uma visão bem humorada da vida. Parece que ela nunca perde a esperança e consegue sempre tirar bons momentos de cada situação, até mesmo das mais difíceis.
Eu tenho a graça de ter nascido num lar cristão. A minha família paterna é evangélica e a materna é católica. Sempre os vi envolvidos com as suas igrejas, servindo da maneira que os seus pais lhes ensinaram. Acreditar em Deus não foi difícil, compreender que há um Deus, muito menos. O vocabulário cristão foi aquele com o qual eu aprendi a falar, ler e pensar. O mais especial é que a minha experiência cristã foi desde cedo muito leve. As coisas de Deus nunca foram pesadas para mim e para os meus irmãos. Deus nunca foi para nós um velho mal humorado, com um chicote na mão e pronto para nos punir. Lá em casa, ser crente nunca foi sinônimo de sisudez, nunca combinou com mal humor e intolerância.
Minha avó materna era uma santa mulher, católica, piedosa, amorosa e graciosa. Não tinha jeito de olhar para ela e não ver a alegria de Cristo. O meu avô paterno era evangélico, um homem extremamente bem humorado. A ele nunca faltavam boas piadas e boas risadas (Acho que sei de quem herdei...), era fácil ver Jesus na sua vida. Meus irmãos e eu crescemos vendo pais crentes muito felizes, que nunca perdiam a alegria e a esperança na vida. Ser crente nunca foi para mim um entrave que impedisse a minha criatividade e o meu bom humor de fluírem, e isto até hoje tem aberto muitas portas.
Infelizmente, a expressão bem humorada do evangelho vivida lá em casa e em muitos lares cristãos, não foi o que se propagou do evangelho do Senhor Jesus. No nosso país, evangelho, que significa “boas notícias”, não andou de mãos dadas com o bom humor. Ser bem humorado tornou-se sinônimo de irreverência. Alegria, leveza, sorrisos, gargalhadas e tudo que combine com bom humor foi quase demonizado no nosso meio. Alguém bem humorado não é considerado espiritual ou sério. Este equívoco acabou mostrando às pessoas um evangelho pesado, proibitivo e mal humorado, um evangelho “sem graça”. Deixaram de ensinar que reverência está mais relacionada à postura do coração do que à fisionomia, que um crente em Cristo pode ser uma pessoa séria mesmo quando dá boas gargalhadas.
O Deus que será apresentado às pessoas tem a cara de quem o apresenta. Quem não consegue ver graça na vida produzirá uma imagem mal humorada de Deus. Quem não sorri na vida apresentará um Deus chato ao lado de quem não há prazer e deleite, mas só peso e medo. Contudo, quando vivemos o evangelho com bom humor, apresentamos um Deus que sabe dar boas risadas, um Deus que se alegra com os que se alegram, um Deus “engraçado” (cheio de graça). A alegria do Senhor é força para aqueles que o buscam. O bom humor é uma das facetas do fruto do Espírito de Deus nos homens. Deus é amor, mas bem que poderíamos dizer que Deus é humor.
Emerson Profírio
Ser mensageiro de um Deus tão bem humorado e Gracioso é muito bom. Se tornar RELEVANTE com isso nas mãos, não é tarefa fácil! Parabéns pelo artigo!
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