terça-feira, 20 de março de 2012

UM AMOR QUE CONSTRANGE (João 13.1-11)


Você já recebeu uma demonstração de atenção que o deixou constrangido? Algo que o surpreendeu de tal forma que você ficou sem saber o que fazer? Uma demonstração de cuidado e atenção tão grandes que o cativou? Um ato de carinho é capaz de desarmar o mais duro coração, por isso Paulo disse: “Se o teu inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque, fazendo isto, amontoará brasas vivas sobre a sua cabeça” (Rm 12.20). Um gesto de amor na direção de um coração frio o constrange de tal maneira que a pessoa não mais se sente confortável para continuar praticando o mal.


A vida de Jesus foi marcada por gestos de amor. A todo tempo o Mestre estava envolvido com pessoas que aprendiam o que significa amar intensamente. Nas horas que antecederam a sua morte, Jesus deu uma última lição sobre o mais maravilhoso dos dons, lição que posta em prática faria dos seus seguidores seus verdadeiros representantes “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns pelos outros” (Jo 13.35). Quando Jesus se levantou do chão, tomou uma toalha, fez dela um avental e passou a lavar os pés dos discípulos a atmosfera daquela casa foi transformada. Ali Jesus nos ensinava que:


1. AMAR O PRÓXIMO É A MAIS DIFÍCIL MISSÃO, PORÉM A MAIS GRATIFICANTE – “Sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai. Sabendo este que o Pai tudo confiara às suas mãos, e que ele viera de Deus, e voltaria para Deus”.

Por causa do seu amor por nós, Jesus foi acusado de ser pecador e de ser usado por Belzebu. Por causa deste amor ele deixou a glória e veio habitar neste mundo de sofrimento vivendo as limitações desta terra. Por causa deste amor ele sofreu e morreu na cruz. Mas, como recompensa, ele escolheu para si um povo, voltou ao Pai, assentou-se à sua destra e está esperando a ordem do Pai para estabelecer o seu Reino Eterno.


Não é fácil amar as pessoas. Não é fácil amar quem não nos ama e é quase insuportável amar quem nos persegue e nos odeia, mas em Cristo é possível. E Depois de cumprirmos a nossa missão ouviremos como recompensa do próprio Jesus: “Vinde benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome, e me deste de comer; tive sede, e me deste de beber; era forasteiro, e me hospedaste. Estava nu, e me vestistes; enfermo, e me visitastes; preso, e fostes ver-me” (Mt 25.34-36).


2. AMAR É UM COMPROMISSO UNILATERAL – “Tendo amado os seus que estavam no mundo amou-os até o fim”.

Amar como Deus quer que amemos é mais que uma emoção. Jesus amou os seus até o fim mesmo sabendo que entre os discípulos havia os que desejavam ser maiores e mais importante do que os seus companheiros de ministério (Tiago e João), havia aquele que duvidaria da sua ressurreição (Tomé), havia aquele que o negaria (Pedro) e havia aquele que o trairia (Judas). Mesmo sabendo que o seu amor poderia não ter retorno, Jesus amou-os até o fim.


Amar é um compromisso que estabelecemos mesmo quando não há reciprocidade. O ato de amar não fica à deriva das nossas emoções. O amor de Jesus por nós é absoluto e inegociável. Amor como compromisso unilateral nos ensina que não podemos permitir que as atitudes negativas dos outros determine a nossa forma de agir. O desamor das pessoas não pode fazer de nós pessoas que não amam.


3. NUMA RELAÇÃO DE AMOR NÃO PODE HAVER RESERVAS – “Disse-lhe Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu não te lavar, não tens parte comigo”.

Pedro se sentiu constrangido ao ver Jesus lavando-lhe os pés, o seu Senhor tocaria nos seus pés cheios de poeira. Jesus veria que ele não era tão limpo. Lavar os pés, além de demonstrar a disposição de Jesus em servir, demonstra que se deixar lavar e tão importante quanto lavar o pé do próximo. Numa relação de amor verdadeiro não há reservas, não há vergonha diante das nossas falhas.


Se queremos amar verdadeiramente precisamos aprender a nos deixar amar, precisamos aprender a abrir as nossas vidas a quem deseja nos amar sem medo de sermos rejeitados ou envergonhados. Por isso Paulo diz que “o amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta” (1Co 13.7). Jesus amou e deixou-se amar, serviu e deixou-se servir, conheceu e se deixou conhecer.


4. AMAR E SER AMADO SÃO ATOS QUE PRECISAM SER CONTINUAMENTE RENOVADOS – “Quem já se banhou não necessita de lavar senão os pés; quanto ao mais, está todo limpo”.

Quando Jesus diz que alguns já estavam limpos, ele se refere ao novo nascimento simbolizado pelo batismo, mas ele também afirma que estas mesmas pessoas limpas precisam sempre tornar a lavar os pés. Quando o amor de Deus nos invade somos salvos de uma vez por todas, mas precisamos continuamente provar deste amor no perdão diário.


O amor de Jesus que nos foi dado precisa ser renovado diariamente através da confissão, do abandono dos nossos pecados e da prática do amor ao próximo. Sempre que pecamos Jesus renova o seu amor, da mesma forma precisamos avivar continuamente o amor pelo nosso semelhante. O amor é algo que requer cuidado. Devemos viver como jardineiros que cuidam todos os dias do amor semeando mais amor por onde passamos, arrancando as ervas daninhas que o sufocam e adubando para vê-lo florescer.


Que esta grande lição de amor deixada pelo nosso Senhor seja vista em nossas vidas a fim de que outros, constrangidos por este amor, possam conhecer pessoalmente o amor de Jesus.


Em Cristo

Emerson Profírio

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