
Uma grande dúvida que intriga o homem diz respeito à eternidade. Em todos os tempos homens iletrados e homens cultos têm se debatido em busca da resposta às questões: A existência humana se resume a esta vida? Existe algo além da morte? Para onde iremos depois que tudo acabar? Na verdade o homem tem uma atração especial por tudo que é misterioso. Tudo aquilo que não é muito claro e que não apresenta muitos detalhes desperta a curiosidade humana. O futuro nos intriga porque ele só é conhecido em suas minúcias à medida que se torna presente.
Todos nós temos expectativas acerca do nosso futuro. Todos nós gostaríamos de saber como estaremos daqui a tantos anos. Será que os nossos sonhos terão sido realizados? A verdade é que sabemos muito pouco acerca do nosso futuro, muito pouco acerca do pós-morte. De todos os temas teológicos o que apresenta menos detalhe é o que trata do estado depois da morte. Dele sabemos apenas que os salvos viverão eternamente com o Senhor e os que não se entregaram a Jesus viverão eternamente no inferno. Tudo mais que se sabe acerca deste tema é carregado de simbologia. É por isso que encontramos tantas correntes teológicas que tentam explicar o que acontecerá na eternidade. Penso que justamente por saber que o homem é dado a muita inferência e chegado a querer dominar até mesmo o futuro, é que Deus só revelou aquilo que é estritamente necessário.
Se por um lado não temos muitos detalhes sobre a eternidade, por outro, a Bíblia é rica em detalhes sobre como nós devemos esperar por ela. Em Mateus 25.1-13 Jesus contou uma parábola que nos é bastante esclarecedora e que nos ajuda a entender como a vida presente pode nos conduzir a uma eternidade feliz. Na sua elaboração Jesus segue um princípio já adotado por ele anteriormente para falar sobre os dois únicos tipos de pessoas que comparecerão diante do juízo final: os ímpios e os santos. No capítulo 24.40,41 ele diz: “dois estarão no campo, um será tomado, e deixado o outro; duas estarão trabalhando num moinho, uma será tomada, e deixada a outra”.
Na parábola em estudo Jesus trás a figura de dez virgens que haviam sido escolhidas pela noiva para serem as suas damas de honra. Destas dez, cinco eram sábias (prudentes) e cinco eram tolas (néscias). No antigo Israel, a noiva convidava dez amigas virgens para a ajudarem nos preparativos. Estas virgens chegavam cedo à casa da noiva e começavam a embelezá-la. Em um determinado momento da noite alguém avisava que o noivo estava vindo ao encontro da noiva. Daí, as damas de honra organizavam um cortejo que seguia ao encontro do noivo, quando no meio do caminho os noivos se encontravam as damas dançavam para os noivos e os convidados. Depois da dança o noivo convidava todos para a sua casa. Só poderia entrar na casa do noivo quem tivesse participado do cortejo e que estivesse acompanhado do noivo.
O auge da cerimônia (o encontro dos noivos) se dava ao ar livre e à noite, por isso é que as dez damas de honra deveriam levar as suas lâmpadas para iluminar o caminho. As lâmpadas não eram pequenas lamparinas que eram utilizadas para a iluminação de um ambiente interno, eram tochas feitas de pau e trapos, que a cada deveriam ser encharcadas em azeite que era levado em vasilhas. Jesus diz que cinco destas damas foram imprudentes, pois tinham a responsabilidade de conduzirem toda aquela cerimônia, sabiam que precisavam iluminar o caminho dos convidados e dos noivos, mas mesmo assim, não se prepararam antecipadamente e foram pegas de surpresa. Por conta da displicência, elas não entraram na festa. Daí ele conclui: “Vigiai, pois, porque não sabeis o dia nem a hora”.
Aqui está a mensagem central de toda a parábola: A necessidade da vigilância até que o Senhor retorne para levar os seus filhos. Nós somos comparados aquelas dez virgens. Estamos todos no curso de uma mesma história, contudo, só aqueles que vigiam conhecerão a eternidade ao lado de Jesus. Assim, o texto nos trás algumas lições importantes que nos ajudarão nesta espera:
1. O CANSAÇO PODE ACOMETER QUALQUER UM DE NÓS ENQUANTO ESPERAMOS PELO SENHOR.
Há um intervalo de tempo entre o aviso da chegada do noivo e a chegada propriamente dita. Um intervalo que aos olhos humanos parece em muitos momentos demorado, e que por vezes nos leva ao cansaço e ao sono. Os dias passam e as coisas continuam do mesmo jeito. Os anos correm e esta vinda não acontece. A parábola diz que todas as dez virgens dormiram, não apenas as tolas. Esperar por Jesus não implica numa caminhada tranqüila, não implica dizer que tudo será da forma como imaginamos. O cansaço faz parte da vida, pois mostra as debilidades do homem.
Não podemos acreditar em nenhuma mensagem que diz que você não pode sofrer. Todos nós temos os nossos momentos de desânimo (emocional ou espiritual), a vida não é só montanha, mas é vale também. Mas o que é maravilhoso em tudo isso é que animados ou desanimados, o Senhor está ao nosso lado para nos fazer prosseguir. Ele mesmo disse: “Estas coisas vos tenho dito para que tenhais paz em mim. No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo” (Jo 16.33).
2. NÃO DIGA QUE ESPERA PELO SENHOR SE O SEU ESTILO DE VIDA NÃO DEMONSTRA ESTA VERDADE.
Todas as dez virgens ouviram o anúncio da vinda do noivo, mas só as prudentes estavam prontas para irem ao seu encontro. Todas as damas conheciam os procedimentos nupciais. Elas sabiam da suas responsabilidades. Nenhuma dama de honra que verdadeiramente valorizasse aquele momento deixaria de ter a sua reserva de azeite. Por mais que as cinco virgens tolas dissessem estar interessadas na realização do casamento, a prática delas negava tudo.
Muitos dizem que anseiam pela vinda de Jesus, mas as sua vidas demonstram o contrário. Vivem como se Cristo não fosse voltar para julgar as atitudes de todos como Paulo afirmou: “no dia em que Deus, por meio de Cristo Jesus, julgar os segredos dos homens, de conformidade com o meu evangelho (Rm 2.16). A vida de quem espera Jesus deve ser coerente com esta realidade. Quem verdadeiramente acredita e espera por Jesus sabe que tudo que se faz no presente tem um peso na eternidade. Sabe que ser sal e luz significa preparar a volta do Senhor com as boas obras. Sabe que diante do Senhor, no juízo cada um prestará conta dos seus próprios atos. O prudente sabe que a sua vida deve ser luz que ilumina o caminho dos que ainda não conhecem a Jesus.
3. PRESTE ATENÇÃO AOS AVISOS QUE DEUS TEM DADO.
Todas ouviram um grito: “Eis o noivo! Saí ao seu encontro!”. Nesta hora as dez foram se recompor do sono, mas cinco perceberam que o azeite que possuíam era pouco. Então elas pediram às outras cinco um pouco de azeite e como não receberam, saíram para comprar. Não consideraram que o aviso anunciava que o noivo estava a caminho, por isso foram surpreendidas.
Não podemos ser tolos a ponto de não reconhecermos os sinais da vinda do Senhor Jesus. Desde o dia que ele subiu aos céus foram inaugurados os últimos dias. Esta era presente é o intervalo de tempo entre o anúncio da vinda do noivo e a chegada do noivo. Em Mateus 24.3-14,24,27 temos uma amostra de quais são estes avisos. Todas estas coisas sempre existiram, não há nenhuma novidade. O fato é que hoje devido à velocidade dos meios de comunicação nós ficamos sabendo de tudo. No entanto, seria tolice nossa não percebermos em todos estes sinais que o mundo caminha para um desfecho. As coisas caminham para uma situação que de tão difícil se tornará insustentável. Os tolos não conseguem entender estes eventos que funcionam, ao longo de toda história, como que anunciando ao mundo que a vida é passageira, que haverá um fim. Os prudentes sempre que ouvem estas notícias voltam a sua face para Deus e oram: Maranata. Quem espera ansiosamente pela volta de Cristo não despreza os seus sinais.
Emerson C. Profírio
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