Imagine
o que é viver uma vida e só ao final perceber que tudo em que cremos não passou
de ilusão. Imagine o que é viver uma vida com alguém e no final dela perceber
que você nunca conheceu aquela pessoa, que ela era uma estranha. Era exatamente
assim que alguns irmãos da igreja de Tessalônica estavam. Vivendo sem muita
certeza de onde iriam chegar. Não conseguiam viver bem o presente e nem tinha
segurança quanto ao futuro. Por trás da pergunta: “Quando Cristo voltará?”, estavam pelo menos dois medos: 1) Como ter certeza que estou pronto para a
volta de Cristo? 2) Qual a garantia de que não serei excluídos naquele dia?
Eles temiam que Cristo voltasse e não estivessem preparados.
Paulo
responde afirmando que no tocante à vinda do Senhor não é preciso se preocupar
com tempos ou épocas, ou seja, esperar a volta de Cristo não é uma questão de
contagem regressiva, mas uma questão de aprofundamento da intimidade com o Ele.
Mais do que estarem preocupados com o dia da volta de Cristo, eles deveriam
estar preocupados em como estariam naquele dia para que não tivessem uma triste
surpresa e no final de tudo, pensando ter construído intimidade com o Senhor,
ouvissem de Jesus: “nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniquidade”
(Mt 7.23).
Assim,
o apóstolo os adverte a que estejam atentos a tudo aquilo que possa atrapalhar
o relacionamento com Jesus e não permita uma verdadeira intimidade com ele. Durante
a espera pela volta de Cristo muitas coisas poderão atrapalhar a nossa
intimidade com o Senhor e nos fazer perder o foco. Nestes poucos versículos
Paulo cita pelo menos três destas coisas, que nos servem de alerta, sobretudo,
porque estas elas estão cada vez mais presentes e se tornarão cada vez mais
comuns à medida que a vinda de Cristo se aproxima:
O SECULARISMO “O Dia do Senhor vem como ladrão de noite” - Quando menos esperam, o ladrão aparece. Quando
estão mais desatentos, ele surge. Quando mais o ignoram é que ele vem e rouba.
Assim serão os dias que antecedem a volta de Cristo. Quando os homens estiverem
vivendo uma vida de imoralidade, maldade, soberba e violência, Cristo chegará
de surpresa. A falta de santidade é uma marca nos nossos dias, e não apenas lá
fora, mas também na igreja. Muitos têm
tentado conciliar cristianismo com mundanismo, culto com imoralidade, graça com
leviandade. Vivem como se não tivessem um dia que prestar contas a Deus. “Porque
Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer
sejam boas, quer sejam más” (Ec 12.14). “Porque importa que todos nós
compareçamos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o
bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10).
É
tempo de santificação, sem ela não há intimidade com Deus. Precisamos nos
santificar, confessar os nossos pecados e abandoná-los, endireitar o nosso
caminho enquanto há tempo. Andamos muito preocupados em modificar a igreja aqui ou ali, como se o problema da igreja fosse de estrutura, mas a verdade é que
precisamos reavivar um lema do movimento pietista do séc. XVIII e XIX: “A
igreja fora reformada. Importa, agora, reformar a vida”.
A FALSA
RELIGIÃO “Quando andarem dizendo: Paz e
segurança, eis que lhes sobrevirá repentina destruição”.
Paulo mostra que os dias que antecedem a volta de Cristo serão dias em que
muitos em nome de Deus pregarão uma mensagem diferente de tudo que o próprio
Deus ensinou. Ao invés de aproximar os homens de Jesus os afastarão cada vez
mais. O nome de Cristo nunca foi tão falado como nos nossos dias. ‘Jesus’ virou
um produto lucrativo, mas na contramão dos fatos as pessoas nunca estiveram tão
longe dele como nos nossos dias. Os últimos dias serão marcados por uma pregação
que falará aquilo que os homens desejam ouvir. Falará “paz e segurança” quando
o Senhor diz que os dias serão maus. Homens que venderão uma proposta de vida,
em “nome de Jesus”, que contraria os próprios ensinos de Jesus (2Pe
2.1-3).
Oferecerão
uma vida mansa e próspera como se jamais Cristo fosse voltar. Ao invés de
falarem das coisas do alto, falarão das coisas da terra. Ao invés de levarem o
povo a acumular riqueza no céu onde nem traça nem ferrugem corroem, levarão o
povo a viver ansiosos na busca da riqueza terrena. Quando eles estiverem mais
cegos pela falsa pregação sobrevirá repentina destruição.
Quando
somos íntimos do Senhor conhecemos a sua voz e não nos deixamos seduzir por
nenhum falso apóstolo, falso profeta, falso bispo, falso pastor ou falso cristo: “As minhas ovelhas ouvem a minha
voz; eu as conheço, e elas me seguem” (Jo 10.27). A voz de Deus está na
sua Palavra (2Tm 3.16,17). Só conhecemos o que é falso quando somos
íntimos do verdadeiro. Esta consciência foi o que levou Lutero a afirmar: “Qualquer
ensinamento que não se enquadre nas Escrituras deve ser rejeitado, mesmo que
faça chover milagres todos os dias”.
AS LUTAS E TRIBULAÇÕES – “Como vêm as dores de parto à que está para dar a luz; e de nenhum modo
escaparão”. Contrariando a falsa pregação, Paulo diz
que nos últimos dias sobrevirão lutas e tribulação à igreja, que ele chama de “as dores de parto”. As lutas e
tribulações vêm para desanimar os cristãos, vem para fazê-los desacreditar do
cuidado de Deus. Para tentar roubar a esperança dos cristãos. Quem não conhece
ao Senhor em intimidade terá nas lutas e tribulações uma pedra de tropeço. Abandonarão
o caminho do Senhor porque nunca tiveram uma fé firme preparada para os dias maus,
uma fé que não resiste às dores de parto. Mas quem tem intimidade com o Senhor
terá nas lutas e tribulações a oportunidade de conhecê-lo mais e de gozar do
seu conforto e consolo: “Por isso, não desanimamos. Pelo contrário,
mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior
se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz
para nós eterno peso de glória, acima de toda comparação, não atentando nós nas
coisas que se vêem, mas nas que se não vêem; porque as que se vêem são
temporais, e as que se não vêem são eternas” (2Co 4.16-18).
Não
se surpreenda com as lutas e as tribulações, quem vive a intimidade do Senhor
descobre que elas não são o fim, mas que antecedem o fim. Este fim será a
tristeza dos que não andaram com Jesus, mas a salvação final dos que entregaram
a vida a ele. Cristo é a nossa esperança.
Quem
cultiva em vida a intimidade com o Senhor gozará da glória eterna ao seu lado.
Quem cultiva a intimidade com o Senhor não precisa temer o Grande Dia do
Senhor. Por isso precisamos ser sóbrios e vigilantes não nos deixando desviar
por nenhuma destas coisas. O Dia do Senhor é certo e próximo e não queremos ser
tristemente surpreendidos.
Em
Cristo Jesus
Emerson
Profírio
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