segunda-feira, 11 de novembro de 2013

COMO POSSO TE AJUDAR? (Mateus 20.29-34)



Acredito que todos já ouviram esta expressão. Quando vamos fazer compras é assim que costumamos ser atendidos. Há sempre uma pessoa sorridente e bem apresentada disposta a nos atender. Somos tratados como pessoas realmente importantes, dignas e merecedoras de toda a atenção. Esta é uma técnica que faz parte das estratégias de venda, afinal de contas, “o cliente tem sempre a razão”. Quem não gosta de ser bem tratado?! Ser bem atendido é uma experiência que marca. Ser tratado com dignidade levanta o moral de qualquer um. Gera um clima de bem-estar capaz de desarmar qualquer um e criar uma empatia entre quem atende e quem é atendido.

Como posso te ajudar? É uma expressão que mostra o interesse de alguém por você. Alguém que vai fazer o possível para que você vença a sua necessidade.Particularmente, ouvi muito esta pergunta ao longo da minha vida de amigos que contribuíram com o seu talento para o meu crescimento. Conhecendo bem estes amigos, fica fácil saber em quem eles se inspiraram, no mesmo homem que disse as estes dois cego: “Que quereis que eu vos faça?”. “Como posso te ajudar?”. Jesus foi alguém que por onde andou se importou com as pessoas. Onde quer que ele estivesse, as pessoas veriam nele alguém que queria ajudar. Jesus não poupou os seus dons para ajudá-las.

Quem se aproximava de Jesus encontrava um clima favorável para a superação dos seus limites. As pessoas não tinham medo de exporem as suas falhas diante de Jesus. Elas não tinham medo de errarem diante dele. Quem se aproximava de Jesus não pisava em ovos, pisava firme, seguro, a despeito de serem todas elas imperfeitas e de estarem todas elas distante dos “altos padrões” estabelecidos. Estes dois cegos, um dos quais se chamava Bartimeu, após ouvirem que Jesus estava passando, e certamente já conhecendo a sua fama, pois eles chamavam Jesus pela expressão messiânica “Filho de Davi”, sentiram-se à vontade para, contrariando a multidão, pedir a sua atenção.

E foi isso que aconteceu. Jesus parou, olhou para aqueles homens e fez a pergunta:“Como posso te ajudar?”. O Senhor queria ouvir da boca dos dois necessitados de que forma ele poderia servi-los. Quais dos seus dons seriam úteis naquele momento? Só os cegos sabiam exatamente quais eram as suas necessidades. Naquele momento eles não queriam esmola, eles queriam voltar a enxergar. E sentindo a necessidade deles, Jesus tocou-lhes e os curou. Jesus é a nossa grande inspiração na arte de servir, “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou, assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.6-8).  

A forma como ele tratou estes dois cegos, e tantos outros homens e mulheres, é uma grande lição para as nossas vidas. O texto de Mateus nos estimula a trazermos no coração e nos lábios a mesma pergunta: Como podemos servir? Esta pergunta nos levaa vivermos na perspectiva do serviço ao próximo como uma credencial cristã. Além da cegueira, aqueles cegos tinham uma outra carência, precisavam de alguém que lhes desse ouvidos. Alguém que parasse para lhes dar atenção. Eles estavam à beira do caminho, não apenas daquele caminho, mas à margem da sociedade. Ninguém lhes dava atenção. Quando Jesus olha pra eles, os trás para o centro, por SERVIR É COLOCAR O OUTRO NUMA POSIÇÃO DE DESTAQUE. É considerar o outro superior a nós mesmos e tratá-lo com toda dignidade.

Vivenciar o serviço nos nossos dias tem sido muito difícil porque nós dizemos que não temos tempo pra nada. Se não temos tempo para nós mesmos, o que dizer de tempo para o outro?! Se nos falta tempo para aqueles de quem gostamos, imaginem se teríamos tempo para quem não conhecemos. NÃO HÁ SERVIÇO SEM DISPOSIÇÃO DE TEMPO. Jesus tinha muita tarefa para cumprir, mas nunca permitiu que as suas tarefas roubassem o tempo de perceber as pessoas. O texto diz que ele parou. Como podemos servir às pessoas se não temos tempo para elas?! Esta tem sido a nossa grande questão, falta-nos tempo. Ou seria, falta-nos disposição para administrarmos o nosso tempo de forma que tenhamos tempo pra tudo que é importante?!

O clamor daqueles cegos era exatamente este: Senhor, pare um pouco. Tenha um tempinho para ouvir as nossas necessidades! SERVIR REQUER DE NÓS A COMPAIXÃO. Compaixão é o mesmo que se colocar no lugar do outro. Sentir o que o outro está sentindo. Para servir, começamos percebendo o nosso próximo, mas aprofundamos esta percepção quando passamos a sentir a sua necessidade. Jesus ficou condoído. Ele sentiu a angústia, a necessidade, a dor, daqueles dois cegos. Quem exercita a compaixão não passa despercebido pelo outro. Não fica em paz enquanto o outro está em aflição. Desta compaixão brotou uma pergunta que destravou os corações sofridos daqueles dois homens: “Que quereis que eu vos faça?”.

Sentindo-se à vontade para exporem as suas necessidades, os dois cegos ousaram ir além do comum, ousaram pedir algo mais. Eles disseram: “Senhor, que se nos abram os olhos”. QUEM SERVE PRECISA ESTAR PREPARADO PARA GRANDES EXIGÊNCIAS. Não adiante se dispor a servir e depois abandonar por julgar a pessoa muito trabalhosa. Servir não é fácil, é incômodo, muitas vezes. Todo ser humano é trabalhoso. À medida que vamo-nos envolvendo uns com os outros, vamo-nos desnudando e, consequentemente, expondo as nossas lutas pessoais, as nossas incoerências, as nossas “perebas”. Quando nos dispomos a servir nos colocamos abaixo destas pessoas com tudo aquilo que nela nos incomoda.

Como posso te ajudar? Esta pergunta abre uma nova realidade diante dos nossos olhos. Só pode fazer esta pergunta quem está disposto a se envolver, a dar o melhor de si, a se desgastar, a se contrariar. Só pode fazer esta pergunta quem compreende que foi exatamente esta pergunta que um dia o Senhor fez para nós e, assim, se envolveu conosco. Que você e eu tenhamos coragem de olhar para as pessoas e dizermos: Como posso te ajudar?

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