Carlos Drummond de Andrade escreveu um poema intitulado: Definitivo – Um poema sobre a dor e o sofrimento. Encerrando os seus versos, ele diz: “A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-se do sofrimento, perdemos também a felicidade. A dor é inevitável. O sofrimento é opcional”. Na compreensão do poeta, há uma nítida separação entre a dor e o sofrimento. A dor vem para todos. Seja física ou emocional, ela é um sentimento de incômodo e desconforto orgânico que alerta ao indivíduo que algo não está bem e exige dele uma atenção mais cuidadosa. A dor nos põe em estado de alerta e suscita de cada um uma ação com o fim de recuperar ou preservar algo. Nenhum de nós pode fugir da dor. Ela é parte do mecanismo humano!
O sofrimento, por sua vez, diz respeito à maneira como enfrentamos a dor. Dependendo das condições emocionais e das crenças que o indivíduo possui, da sua estrutura afetiva e dos seus atributos atitudinais, a dor pode transformar-se num sofrimento. Qualquer incômodo ou desconforto pode vir a se converter num grande obstáculo que debilita, abate e frustra o avanço e crescimento humanos. Portanto, da dor não podemos prescindir, mas o sofrimento é uma opção que fazemos.
A diferença entre a dor e o sofrimento está na maneira como encaramos o desconforto. Foi por isso que São Paulo escreveu: “Porque a nossa leve e momentânea tribulação produz, para nós, um eterno peso de glória acima de toda comparação. Não atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se não veem são eternas” (2 Coríntios 4.17). Assim o santo apóstolo pode concluir que: “Todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus” (Romanos 8.28). Como decidimos enfrentar a dor? Como as intempéries da vida têm sido usadas para a nossa progressão no terreno da vida? A dor é inevitável! O sofrimento é opcional!
Jamais se acovardem diante da dor! Sofram-na entendendo que ela tão somente nos predispõe a uma reação, e que esta reação precisa ser positiva. Encarem-na como um momento passageiro. Acreditem que ela é sempre momentânea, mas as suas lições são eternas. Não podemos fugir da dor, mas podemos escolher não sofrer.
Que Deus nos abençoe!
Pr. Émerson Profírio