Pessoas comuns costumam olhar a vida de uma perspectiva comum. Quase sempre, elas não conseguem perceber nada novo nas coisas cotidianas. Elas têm grande dificuldade de tirarem lições das coisas mais corriqueiras. Há, no entanto, aquelas que se destacam da massa por enxergarem a vida de uma ótica que foge ao lugar comum. Elas possuem sempre um pensamento crítico, um olhar mais atento aos acontecimentos e sabem ler as entrelinhas dos fatos. Penso que para estas pessoas incomuns, os últimos acontecimentos tem sido férteis ao fornecerem material para uma excelente reflexão sobre a maneira de viver da humanidade. Se as cifras separam os homens em ricos, remediados, pobres e miseráveis, a vida, ou melhor, a morte, os iguala. Porque depois que o homem fecha os olhos para esta existência, o pó é o destino de todo corpo. E o que se seguirá à sepultura?! Esta é uma questão a se pensar!
A modernidade ensinou ao homem que ele seria emancipado quando soltasse as correntes da fé que o prendiam. Ela disse que a segurança só poderia ser encontrada naquilo que estava ao alcance das mãos, a imanência era a única realidade. As coisas do espírito, a transcendência, eram marcas de um viver infantil. Assim, o homem moderno “brotou das trevas”, diziam os “profetas da luz”. Foi a morte de Deus, profetizou Nietzsche! A história correu animada acreditando nestas promessas. As fronteiras tornaram-se mais flexíveis e as distâncias entre os lugares diminuiram. No entanto, inversamente proporcional à diminuição das distâncias, as pessoas foram se distanciando mais e mais. As informações passaram a circular não mais na velocidade do vapor ou do motor à combustão, mas na velocidade de um click. E neste ritmo alucinante, passaram a se dar também as relações humanas. Cada um recolheu-se no seu mundinho virtual. Mas bastou um minúsculo vírus para dinamitar a falsa fortaleza das relações virtuais
Tudo isso nos faz lembrar das palavras do nosso Senhor ao advertir os seus seguidores acerca da falsa segurança oferecida pelos bens materiais. Àquele que confiava nas firmes paredes do seu amplo celeiro de bens, disse Jesus: “Tolo! Esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado, para quem será?” (Lucas 12.20). Diante deste cenário, lembramo-nos de alguns valores que não mudam ainda que os tempos mudem, valores que estão intimamente ligados ao cerne do que vem a ser humano. São eles: O grande preço da liberdade de poder ir e vir quando se deseja; as amizades, que requerem o olho no olho, o cuidado mútuo e a presença real, não virtual; a importância do ser em detrimento do ter, uma vida não se mede pelo que se possui, mas pelo que se é; a fé como um olhar de vida esperançoso e uma habilidade com a qual resistimos às agruras da vida; a família, o porto seguro no qual ancoramos o barco das nossas vidas em dias de mar revolto; e por fim, porém mais importante, Deus, que não morreu, que está para muito além da nossa limitada razão, mas que ao mesmo tempo se faz presente, atento e cuidadoso ao cotidiano de cada um de nós. Se uma vida iluminada se nos faz oferecer à parte destes valores, esta luz não passa de uma lamparina que o tempo faz obscurecer. Mas a verdadeira luz, que ilumina a existência de uma humanidade emancipada, se faz arder por estes valores tal qual um sol no seu maior resplendor.
Que o Senhor dos Exércitos nos faça homens e mulheres capazes de enxergar as coisas do dia-a-dia de uma maneira diferenciada. Que Deus ilumine a nossa inteligência nos permitindo aprender continuamente e estarmos sempre dispostos a sermos pessoas melhores. Que aprendamos todos os dias a valorizarmos o que precisa ser valorizado. Que nossas vidas sejam iluminadas pela luz divina presente em cada um dos que se esforçam para fazerem deste mundo um lugar melhor lugar.
Em Cristo Jesus
Pr. Emerson Profírio
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