domingo, 29 de dezembro de 2013
VOTOS PARA UM BOM ANO
Cada final de ano é como que o fechamento de um ciclo. A terra completa o seu movimento de translação entorno do sol e tudo recomeça: um novo calendário e uma nova contagem de tempo. As estações vão novamente se repetir e com elas, as plantas e os animais reiniciarão os seus ciclos de vida. É interessante notar como esta relação entre os astros, os planetas e os seres vivos funciona numa engrenagem perfeita.
Uma nova chance também nos é dada de fazer as coisas de uma outra forma; de repensarmos e tentarmos mais uma vez. Diferentemente de tudo mais na criação, nós, seres humanos, não agimos somente por instinto. Somos seres pensantes, fazemos as nossas escolhas. Todos nós desejamos viver um ano especial, um ano melhor do que este que está acabando.
Assim, eu pensei: O que desejar às pessoas? Que palavras seriam relevantes e poderosas o suficiente para despertar uma disposição positiva nelas? Que conselhos eu daria para quem estivesse desejoso de viver um recomeço? Busquei resposta no Livro Sagrado. Encontrei palavras de um sábio que pensava sobre as coisas comuns. Um homem que aproveitou intensamente cada gota de vida. E descobriu que viver é correr atrás de algo que não se pode pegar, mas, mesmo assim, viu valor na vida. Desta forma, faço das santas palavras os meus votos para um ano feliz:
1. VIVA CADA DIA CONSCIENTE DE QUE A VIDA É PRECISOSA, PORÉM, FRÁGIL - “Melhor é ir à casa onde há luto do que ir à casa onde há banquete, pois naquela se vê o fim de todos os homens; e os vivos que o tomem em consideração” (Ec 7.2). Esta consciência iguala todos os homens, nos faz entender que não somos melhores que ninguém. Bens materiais não nos fazem superiores aos demais, nem dão sentido à vida. Não adianta correr atrás das riquezas e esquecer da nossa vida; correr atrás do que é temporal e esquecer do que é eterno.
2. PREFIRA SER SEMPRE ALUNO A SER SEMPRE MESTRE - “Melhor é ouvir a repreensão do sábio do que ouvir a canção do insensato” (Ec 7.5). As nossas vidas devem estar abertas a aprender com outras pessoas. Quem se deixa corrigir tem sempre o seu caráter trabalhado. Esta deve ser a nossa preocupação, não o desejo do reconhecimento público. Quem vive buscando o reconhecimento público, vive escravo do gosto alheio.
3. VALORIZE CADA NOVO DIA - “Jamais digas: Por que foram os dias passados melhores do que estes? Pois não é sábio perguntar assim” (Ec 7.10). Cada nova experiência vivida tem o seu lugar e valor na nossa história. É pra frente que se anda. Quem vive preso às experiências passadas nunca evolui, jamais amadurece; e perde novas oportunidades. Viva intensamente cada novo dia como uma oportunidade de fazer as coisas de uma forma ainda melhor que antes.
4. VIVA CADA DIA DE UMA VEZ - “No dia da prosperidade, goza do bem; mas, no dia da adversidade, considera em que Deus fez tanto este como aquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele” (Ec 7.14). Antecipar preocupações não é sábio e adoece. Se o dia for bom, nele nos alegraremos; mas, se o dia for mau, o enfrentaremos. Não temos a capacidade de prever o futuro, isto Deus fez para evitar que sofrêssemos mais. Portanto, vamos contar com a graça de Deus para cada dia.
5. BUSQUE SEMPRE O EQUILÍBRIO – “Não sejas demasiadamente justo, nem exageradamente sábio, por que te destruirias a ti mesmo?” (Ec 7.16). As nossas ações e reações devem ser equilibradas. Todo excesso é demais e toda falta é pouco. Precisamos exercitar a tolerância e a graça. Vale a penas pensar sempre antes de agir e reagir. Muitas vezes é melhor querer a paz à razão.
6. FILTRE TODAS AS PALAVRAS OUVIDAS – “Não apliques o coração a todas as palavras que se dizem, para que não venhas ouvir o teu servo amaldiçoar-te, pois tu sabes que muitas vezes tu mesmo tens amaldiçoado a outros (Ec 7.21). Faz bem por um filtro no ouvido. Muitas palavras são ditas sobre nós no calor das emoções, e o calor das emoções levam as pessoas a falarem o que não devem. Muitas destas pessoas, mais adiante, vão se arrepender da mesma forma que nós nos arrependemos. É útil fugir de quem gosta de dissimular e, com um tom piedoso, alimentar conversas e falsas impressões.
Espero que com estas orientações e com a graça do ETERNO possamos fazer de 2014 um ano melhor do que 2013. Que tenhamos disposição para aplicar a Santa Palavra às nossas vidas.
domingo, 17 de novembro de 2013
PARA FALAR DE JESUS (Atos 14.8-18)
segunda-feira, 11 de novembro de 2013
COMO POSSO TE AJUDAR? (Mateus 20.29-34)
sexta-feira, 1 de novembro de 2013
AS COISAS VÃO MUDAR
terça-feira, 29 de outubro de 2013
CRISTÃO, UM EDIFÍCIO INACABADO (1Pedro 2.1-5)
domingo, 20 de outubro de 2013
MUTUALIDADE, UMA LIÇÃO DE PERDA E GANHO (Atos 2.44-46)
quinta-feira, 10 de outubro de 2013
GENTE DE CARNE E OSSO
terça-feira, 8 de outubro de 2013
SEIS BILHÕES
Vivemos num mundo com mais de seis bilhões de habitantes. É muita gente! Brancos, negros, amarelos e vermelhos. Uma verdadeira aquarela com os mais variados costumes e gostos. Cada povo tem o seu modo próprio de ver o mundo e a sua maneira própria de reagir a tanta variedade. Uns se mostram mais receptivos ao diferente e outros, mais reticentes. São muitos conceitos e opções que separam cada um dos mais de seis bilhões de habitantes.
Diante de tanta diversidade, seria quase impossível olhar para o outro como um semelhante. Semelhante em que, se há tanta diferença?! Mesmo convivendo com um círculo de relacionamento muitas e muitas vezes inferior aos seis bilhões de habitantes, nunca consegui encontrar alguém parecido comigo. Nem mesmo nos meus pais e irmãos consigo ver certas características que só vejo em mim. Nem na minha esposa, alguém que escolhi, encontro tal semelhança. As minhas filhas, que carregam parte de mim, não são e não serão iguaizinhas a mim.
Então, quem é o meu próximo entre mais de seis bilhões de pessoas? Jesus respondeu a esta pergunta. O meu semelhante não é aquele que gosta das mesmas coisas que gosto. Não é aquele que pensa como eu penso. Não é aquele com quem tenho afinidade. Não é aquele que crê do mesmo jeito que creio. Não é aquele que tem a mesma opção que a minha. O meu próximo é alguém que, mesmo sendo totalmente diferente de mim, carrega em si a imagem e semelhança de Deus. É aquele que é obra-prima das mãos do Criador.
O meu próximo é o estranho, o diferente, o exótico, o homem, a mulher, a criança, o idoso, o religioso, o ateu, o casto, o devasso... O meu próximo é aquele que, apesar das inúmeras diferenças, tem no seu íntimo a semente da divindade. É aquele a quem eu devo amar apesar das diferenças, porque o amor transcende conceitos religiosos e opções pessoais. Assim, Jesus concluiu: "Vá e faça isso".
Em Cristo Jesus
Pr. Emerson Profírio
quarta-feira, 2 de outubro de 2013
A VIDA SERIA MAIS SIMPLES...
Para a maioria dos cristãos, a concepção que se tem do homem é dicotomizada. Ele é visto com duas agendas bem distintas. De um lado as coisas sublimes, aquilo que diz respeito ao espírito. Do outro, as coisas do carne. Assim, aos domingos, alimentamos o espírito. Vamos à igreja e cumprimos os nossos deveres religiosos. Nos outros seis dias da semana nos ocupamos com as coisas seculares, tudo aquilo que nos suga. E assim vivemos dia após dia, semana após semana, mês após mês, ano após ano. Vivemos duas vidas em uma. Isso é esquizofrênico! Quem agüenta?!
Bom seria se entendêssemos que o homem é uma unidade. Se fôssemos à igreja para buscar a Deus e o encontrássemos na Palavra, nas músicas, nas orações, mas, também, nos braços de um amigo ou numa bela gargalhada. Se percebêssemos Deus no testemunho de um irmão, enquanto batemos um belo papo. Bom seria começar uma dura semana de trabalho entendendo que os meus colegas são instrumentos de Deus para aprimorar o meu caráter. Chegar na sala de aula e vê cada colega como alguém que posso abençoar com meu amor e companheirismo. Sair pelas ruas e viver o mundo como espaço para exercício da minha fé e espiritualidade.
A vida seria mais simples e fácil se vivêssemos uma só vida. Se cuidássemos do nosso espírito e do nosso corpo com a mesma intensidade. Se orássemos mais, se lêssemos mais a Bíblia (e outros livros), se cantássemos mais, se ríssemos mais, se fizéssemos mais atividade física, se comêssemos com mais qualidade, se levássemos menos a sério as más palavras e valorizássemos mais as boas palavras. A vida seria mais simples e fácil se lembrássemos que Deus não é encontrado só aos domingos na igreja, mas, em qualquer lugar e a qualquer hora. Aliás, seria mais simples e fácil se lembrássemos que Ele está dentro de nós.
"Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo? Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo" (1 Co 6.19,20)
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
QUEIXE-SE DE SI MESMO
"Queixe-se cada um dos seus próprios pecados" (Lm 3.39)
Alguém já disse que à medida que lançamos luz sobre as falhas alheias ofuscamos as nossas próprias falhas. É bem mais fácil e menos dolorido (para alguns, até prazeroso!) examinar a vida do outro do que examinar a própria vida. Temos a tendência de supervalorizar no outro aquilo que nos incomoda e minimizar em nós aquilo que pode não ser tão agradável.
Faça um teste: Hoje, quantas vezes você se queixou de alguém? E quantas vezes você se queixou de alguma atitude sua? Queixar-se de si mesmo não é fácil, pois implica num olhar interno. E examinarmos a nós mesmos pode mostrar alguém a quem não queremos encarar. Quem sabe nos veremos tão defeituosos quanto aqueles a quem julgamos defeituosos. Nos veremos orgulhosos, vaidosos, arrogantes, preguiçosos, inconvenientes, mentirosos, ressentidos, carnais, parciais, impuros, idólatras...
Quando os nossos olhos estão primeiramente voltados para dentro de nós mesmos, enxergamos todas as nossas imperfeições e nos igualamos ao nosso próximo. Reconhecemos, assim, que ele é nosso semelhante nas virtudes e nas fraquezas. Estamos unidos em nossa luta pela existência neste mundo de dores. Portanto, antes de nos queixarmos de alguém, queixe-mo-nos de nossos próprios pecados.
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
SEMEIE SEMPRE
"Quem observa o vento nunca semeará, e o que olha para as nuvens nunca segará. Semeia pela manhã a tua semente e à tarde não repouses a mão, porque não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou se ambas igualmente serão boas” (Eclesiastes 11.4,6)
Semear é uma tarefa árdua. O lavrador levanta cedo. Antes do sol nascer ele já está de pé. Toma o seu café, prepara a sua “bóia” e pega a sua enxada. Com o dia ainda escuro começa a sua lida. Capina, revolve a terra, prepara o solo e sai a semear. Cada grão que cai no chão semeia a esperança de que no dia certo a colheita será farta. Ele crê que cada semente produzirá o seu respectivo fruto. Assim é a vida do homem do campo, cada dia é dia de semear. Esteja o tempo favorável ou não, ele lança a semente sobre terra.
A insegurança e o medo matariam de fome este homem. São mais áridas do que a pior das secas. Insegurança e medo são marcas dos nossos dias. As pessoas vivem assustadas! Muita gente não tem visto as suas sementes frutificarem porque o tempo foi duro demais com elas. Olharam para o céu e não viram as nuvens se formarem. Com medo e inseguras, não se lançaram à lida. Ficaram esperando a chuva, e enquanto ela não veio, não semearam. Quando a chuva chegou, era tarde demais para semear.
Podemos aprender muito com o lavrador. Cada dia nos são dadas inúmeras oportunidades de semear. Lançar ao chão um sonho depois de já termos preparado o solo. Semear alegria em meio à tristeza, alívio em meio à dor. Semear reconciliação e paz no duro solo do ressentimento e da mágoa. Semear salvação ao que está longe. Semear, semear, semear... Semear sementes variadas mesmo que o tempo não seja favorável.
A nós, cabe uma única coisa, semear. Não temos controle sobre as circunstâncias, mas podemos controlar as nossas ações. Portanto, que hoje despertemos sem medo e insegurança a fim de lançarmos ao solo as sementes que estão em nossas mãos , crendo que, pela graça, elas frutificarão.
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
LEMBROU-SE O SENHOR (1Sm 1.19,20)
ENFRENTE A DOR COM DIGNIDADE (Pv 31.6,7)
Qualquer um que hoje liga o seu televisor é doutrinado pelos telepregadores de plantão acerca de um "evangelho" que não admite uma ação ordinário da providência divina. Um "evangelho" que espiritualizou tudo e que não admite outra ação divina que não seja o milagre. À luz deste provérbio, vamos esclarecer a diferença entre milagre e providência, duas esferas da ação divina. O milagre é um ato extraordinário da ação divina. É quando Deus age sem a mediação de nada, quando suspende as leis naturais e intervém na história de uma pessoa. A providência é quando Deus age através da mediação de leis naturais que já fazem parte da história humana. É quando Deus, no curso natural das coisas, está trabalhando. Por exemplo, quem nos dá o alimento? Deus. Como? Ordinariamente através do trabalho. Contudo, quer seja com milagre quer seja com providência a fonte de todo bem é Deus (Tg 1.17).
É nesta linha que o provérbio deve ser entendido. Ele foi proferido pela mãe do rei Lemuel de Massá, alguém de quem pouco sabemos. Fala sobre como lidar com a enfermidade. É uma instrução dada a fim de que o rei zele pela dignidade daquelas pessoas que estão enfermas. Nesta linha vemos o rei Lemuel como um instrumento da providência divina em favor dos enfermos. Nós precisamos entender que o fato de sermos cristãos não faz de nós seres com superpoderes, não faz de nós pessoas em quem a dor não exerce a sua força. O sofrimento, a enfermidade e a dor fazem parte da nossa frágil humanidade. A dor nos lembra que somos finitos e que estamos vivendo num estado caído e provisório no qual somos sustentados tão somente pela graça divina.
O sofrimento ainda não foi totalmente extirpado porque a história humana ainda não foi consumada. A presente existência é ainda um mundo de dores. A existência neste mundo seria insuportável se não fosse a providência divina. Muitas vezes vimos Deus operar por meio dela. Vimos Deus agir através recursos acessíveis aos homens para conceder-lhes alívio às suas dores. O SENHOR fez uso de uma pasta de figos para curar a úlcera do rei Ezequias (2Re 20.7). Paulo recomendava a Timóteo que tomasse um pouco de vinho por causas das suas enfermidades (1Tm 5.23). Davi tocava harpa para acalmar Saul (1Sm 16.16). Da mesma forma você e eu devemos nos ver como instrumentos de Deus para alívio da dor do nosso próximo. Somos instrumentos da providência divina para levarmos dignidade ao que padece.
Assim, primeiramente, é preciso aliviar a dor de quem sofre. A dor pode tirar qualquer pessoa do seu estado de lucidez. Quer seja uma dor física ou emocional, ela pode desequilibrar qualquer pessoa. Quantas vezes nos surpreendemos com atitudes de pessoas que conhecemos que num momento de dor agem como quem está fora de si?! Portanto, quem quer ser agente da providência divina não pode desprezar a dor alheia por menor que seja ela. Há coisas que são urgentes e que precisam ser imediatamente atendidas. Não dá pra deixar quem sofre esperando (Tg 2.15,16). Oração faz bem, mas ação também. Providenciar um meio pelo qual a pessoa que sofre possa ter a sua dor aliviada é tão divino quanto uma oração fervorosa.
Em segundo lugar, não podemos exaltar a dor. Ainda que saibamos que nada ocorre por acaso, não podemos pensar que Deus está no céu jogando Xadrez e que os homens são as peças e o mundo o tabuleiro. Como se o SENHOR estivesse no trono apontando o dedo para os homens e mandando sofrimentos que redundem na Sua glória. Não podemos pensar que Deus vê a dor do homem com prazer. Os sofrimentos ocorrem por vários motivos, alguns dos quais são misteriosos, mas a maioria são conhecidos. Sofremos como consequência das nossas escolhas, sofremos por um estilo de vida corrido e doentio, sofremos como resultado das ações de homens maus, sofremos por causa do pecado. Dor é dor, dói! Se dói, não podemos fingir que ela não está ali, mas, também, não podemos exaltá-la como se fosse algo prazeroso. Jesus chorou diante da dor da morte do seu amigo Lázaro (Jo 11.35) e também chorou com a sua própria dor (Lc 22.44).
Por fim, devemos usar todos os recursos possíveis para curar. Não fazer uso o máximo possível dos recursos da providência para melhorar a minha saúde ou para curar é recusar o cuidado divino. Isto sim é pecado! Jesus disse: “eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância” (Jo 10.10). Esta vida começa aqui na terra e somos co-responsáveis pela sua manutenção. O nosso corpo é tão importante para Deus quanto a nossa alma. O corpo é a habitação do nosso ser. Deve ser tratado com toda dignidade e zelo. Paulo disse: “Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá; porque o santuário de Deus, que sois vós, é sagrado” (1Co 3.17). Se cuidássemos do nosso corpo com o mesmo fervor com que oramos pela cura, estaríamos vivendo melhor. É preciso também entender que Deus deu inteligência aos homens para desenvolverem as técnicas, os medicamentos, os aparelhos, as terapias, e isso ele fez para nós. Podemos e devemos fazer uso de todos os recursos que melhorem as nossas vidas.
Esta visão da vida nos leva a olhar para um Deus relacional, que, ao mesmo tempo em que transcende a criação, é imanente. É um Deus de longe e de perto. Um Deus de milagre e providência. Ele é o Emanuel, que usa pessoas e recursos para se mostrar presente e cotidiano. Assim, que você e eu sejamos as mãos, os pés, os olhos e a boca desse Deus na vida daquele que sofre.
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
ESQUECER
Como é bom esquecer... Imagine se a nossa memória guardasse exatamente cada momento das nossas vidas. Se pudéssemos lembrar em detalhes de cada dia vivido. As lembranças estariam vivas e sempre atuais. O passado nunca seria passado, seria um eterno presente.
Se a vida fosse feita apenas de bons momentos, seria até bom não esquecer. Mas, como os maus momentos também fazem parte da nossa história, o esquecimento é um mecanismo de autoproteção. A natureza se encarrega de apagar muitas coisas ruins pelas quais passamos, ou, pelo menos, de arrefecer o calor das memórias doloridas.
Precisamos exercitar sempre este mecanismo. Esquecer, deixar pra trás, passar por cima, não reviver momentos, palavras, olhares e gestos doloridos. Os traumas devem ser sepultados no mar do esquecimento. Pra que sofrer de novo?! É preciso saber esquecer. Um coração curado sabe o que esquecer. O apóstolo Paulo afirmou que "o amor não se ressente do mal" (1Co 13.5).
Guardemos na memória cheiros, cores, sons, palavras, olhares, toques, imagens, tudo que alegra a alma e aformoseia o rosto. Que a nossa memória seja rica de boas lembranças e que elas possam ser revividas sempre. Que os bons momentos sejam estímulos para buscarmos sempre novas e boas memórias.
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
UMA VIDA EQUILIBRADA (Mateus 18.19,20)
A fé cristã e mais do que mera credulidade. Ela é estilo de vida, um distintivo que marca um povo. É uma proposta de vida que tem como modelo o próprio Jesus. A fé cristã é um convite a uma vida diferente. O mundo, mais do que nunca, tem a necessidade de ouvir e viver esta fé. As pessoas têm vivido cada vez mais sozinhas e em desequilíbrio consigo mesmas, com o outro e com Deus. O estilo de vida dos nossos dias é cada vez mais solitário e individualista. Esta solidão produz uma geração frágil emocional e espiritualmente. Produz um povo que vive com medo. As pessoas são doutrinadas a não confiarem nos outros, a terem medo do estranho. Assim, vivem fechadas nas suas casas e fechadas em si mesmas.
Os versos que lemos (muitas vezes citados num contexto de oração e culto apenas) foram falados por Jesus e fazem parte de um contexto maior que trata sobre as relações entre as pessoas: Jesus ensina que a humildade deve ser a postura de cada um de nós nos nossos relacionamentos (“Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus” v.4). Fala que devemos viver de modo que as nossas atitudes não façam o nosso próximo tropeçar (“Qualquer, porém, que fizer tropeçar a um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe fora que se pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na profundeza do mar” v. 6). Ele continua ensinando que as pessoas são valiosas, por isso não podem ser desprezadas. Assim, ele apresenta Deus como um pastor que cuida das suas ovelhas (“Que vos parece? Se um homem tiver cem ovelhas, e uma delas se extraviar, não deixará ele nos montes as noventa e nove, indo procurar a que se extraviou?” v. 12).
O que vivemos hoje é justamente o oposto deste ensino. Os homens não vivem mais para os outros. Eles são arrogantes e vaidosos. Agem sem pensar que as consequências das suas atitudes podem afetar os mais fracos. A vida do outro não vale mais nada, “o que importa é a minha vontade e a minha satisfação pessoal”, é assim pensam. Como sobreviver a este ritmo de vida sem adoecer? Como suportar esta sociedade individualista sem surtar? Onde buscar o equilíbrio para as nossas vidas num mundo desequilibrado? Jesus responde esta questão! É preciso viver a fé cristã em todas as suas dimensões. Jesus disse: “Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10). Vida em abundância, plena, satisfeita, completa em todos os sentidos. A fé cristã é uma proposta de vida que vê o homem integralmente. Não é uma fé apenas para as quatro paredes da igreja (edifício). Também não é uma fé apenas para causar sensações. A fé cristã responde ao desequilíbrio da humanidade.
Ela possui duas dimensões. A primeira delas é a DIMENSÃO VERTICAL (“qualquer coisa que, porventura, pedirem, ser-lhes-á concedida por meu Pai que está nos céus”). Notem que aqui há uma relação do homem com Deus. Esta é a dimensão subjetiva da fé. É subjetiva porque diz respeito ao sujeito (indivíduo). Ela nasce de uma convicção pessoal em relação a Deus. Ela envolve a razão (crer) e a emoção (sentir) da pessoa. Esta dimensão pessoal da fé vem de Deus e leva o homem a conhecer a si mesmo. Calvino dizia que o homem só conhece a si mesmo verdadeiramente quando conhece a Deus. Deste conhecimento nasce um senso de dependência. É o que João chama de “a divina semente”: “Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado; pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver pecando, porque é nascido de Deus” (1Jo 3.9). Esta é a dimensão da fé que nos liga ao ETERNO.
Essa dimensão vertical da fé nos leva a querer as coisas de Deus, a buscar as coisas do alto. Ela produz um choque existencial entre Deus e o mal que habita em nós. Ela nos faz reconhecer os nossos pecados, fraquezas, imperfeições, medos e traumas. Esta é a dimensão da fé que nos cura. Contudo, para que o processo de equilíbrio se desenvolva nas nossas vidas, é necessário que a nossa fé seja exercitada, pois se a fé fosse apenas uma experiência pessoal ela não seria provada e não amadureceria. Aqui entra a segundo dimensão da fé, a DIMENSÃO HORIZONTAL (“Em verdade também vos digo que, se dois dentre vós, sobre a terra, concordarem [...]. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”).
Notem que agora a relação não é com os céus, é uma relação terrena. É uma relação com o nosso semelhante. A fé cristã para ser completa deve ser também horizontal, ou seja, deve ganhar uma dimensão coletiva. Ela não pode ser apenas pessoal porque o homem não é apenas um ser pessoal, mas é também um ser coletivo. Faz parte da essência humana o desejo pela coletividade. Isto é marca da divindade em nós. Deus nos criou à sua imagem e semelhança, assim, transmitiu para nós o desejo de viver em comunidade. A primeira comunidade existente, a Santíssima Trindade, foi o modelo para a nossa criação. É por isso que Adão, sendo um homem fisicamente completo, não era nem espiritualmente nem emocionalmente completo até que Deus criasse Eva.
Deus já se relacionava com ele antes da criação de Eva, mas mesmo assim Adão não tinha uma vida plena e abundante. Ele sentia que faltava algo. É por isso que Jesus nos ensina que ele se faz presente onde estiverem dois ou três reunidos em seu nome. O “concordar” é o mesmo que firma um acordo. É entrar numa relação de complementaridade com o outro e pedir a bênção de Deus. Para entrar em acordo com o nosso semelhante precisamos exercitar a nossa fé. Precisamos aprender a abrir mão das nossas vontades em favor da coletividade. Deus considera este acordo.
É na vivência comunitária que a fé floresce e frutifica. É na coletividade que desenvolvemos a vida abundante. É na vida em comunhão que vamos aprendendo a dar contornos concretos a nossa fé através do exercício dos dons, do anúncio do evangelho, da adoração coletiva e do perdão mútuo. Jesus está ensinando que ele se coloca à disposição para se encontrar com a comunidade reunida. A comunidade reunida é o corpo de Cristo. Ninguém é igreja sozinho. Igreja é um conceito coletivo. Jesus, sendo Deus eterno e infinito, submeteu-se ao tempo e ao espaço para se achegar ao homem carente. Ele encarnou e viveu vida comunitária com seus discípulos e lhes ensinou que para o homem viver equilibrado emocional e espiritualmente precisa viver também a dimensão horizontal da fé.
As pessoas estão doentes no corpo e na alma porque estão distantes deste modelo de vida apresentado por Jesus. O mundo individualista separou o homem do seu próximo, separou o homem de Deus e separou o homem de si mesmo. Criou-se um mundo compartimentado quando tudo deveria ser vivido em comunidade numa interrelação. Alguns decidiram viver uma espiritualidade sem conexão com o mundo. É a espiritualidade das orações, das músicas, dos mistérios, mas que parecem conduzir o homem a um mundo a parte. É a espiritualidade dos templos, da alienação. Outros decidiram viver uma espiritualidade pessoal. Dizem que não precisam da igreja, não precisam da vivência comunitária. Não precisam pastorear nem serem pastoreados. É a espiritualidade privada. Há ainda aqueles que desprezam a realidade espiritual e vivem como se a existência se resumisse apenas à matéria, ao aqui e agora.
O mundo está doente e precisa viver a fé cristã. A fé que nos liga a Deus e que nos liga ao próximo. A fé comunitária que nos faz experimentar a vida abundante que o Senhor nos ofereceu. As pessoas precisam ouvir que vida equilibrada só em Cristo. Nós precisamos viver esta proposta de vida se quisermos viver de forma equilibrada. Que o Senhor nos cure e nos ajude a viver uma fé genuína.
Em Cristo Jesus
Emerson Profírio
A MONTANHA-RUSSA, O FILME E A VIDA
A vida é um projeto fascinante, feliz quem vive intensamente cada momento por ela oferecido. Quem logo compreende que ela não é um carrossel, monótono e previsível, mas, uma montanha-russa, emocionante e cheia de surpresas, estará mais bem preparado para chegar ao fim feliz e pleno.
A vida tem um roteiro por demais criativo. Como num bom filme, cada cena está ligada a outra por um fio invisível que vai progressivamente sendo revelado sem, contudo, permitir que toda a nossa atenção seja perdida e a nossa curiosidade, satisfeita. Isto faz dela uma constante novidade.
A vida seria sem graça se passássemos por ela sem experimentarmos todas as sua cores, tons e sabores. Não haveria graça se não nos fossem dadas oportunidades de expressarmos todas as facetas das nossas emoções e criatividade. Como numa montanha-russa e num bom filme, na vida um momento nunca é igual ao outro. O sábio Salomão, num instante de divina inspiração, afirmou:
Nessa vida tudo tem sua hora; há um tempo certo pra tudo!
Há hora de nascer e hora de morrer,
Há hora de matar e hora de curar,
Há hora de destruir e hora de construir,
Há hora de chorar e hora de rir,
Há hora de lamentar e hora de se alegrar,
Há hora de fazer amor e hora de se abster,
Há hora de abraçar e hora de se afastar,
Há hora de ganhar e hora de contar as perdas,
Há hora de segurar e hora de largar,
Há hora de arrancar e hora de consertar,
Há hora de calar e hora de falar,
Há hora de amar e hora de odiar,
Há hora de iniciar a guerra e hora de fazer a paz.
Cada momento vivido, os bons e os maus, deve ser recebido como uma dádiva com a qual aprendemos mais sobre nós e sobre o Criador. Cada instante, os previsíveis e os imprevisíveis, deve ser tomado como uma oportunidade de amadurecimento na direção daquele que tudo arquitetou conforme o conselho da sua sabedoria. Assim, aprenderemos que na vida não há tempo perdido, mas, todo tempo é tempo oportuno para algo...
Emerson Profírio